O que os dados do último Censo nos revelam é que a população idosa no Brasil está crescendo, visto que agora temos um total de 15,1% da população brasileira classificada como idosos e no Censo anterior (2010) tínhamos um percentual de 8,1% do total da população.
E visualizando estes dados não podemos deixar de tomar como obrigação para toda a sociedade um olhar mais empático na busca de melhorar a qualidade de vida dos idosos. Indo de encontro com o programa da OMS de Cidades Amigas dos Idosos, onde a partir de 2016 o Brasil teve a sua primeira cidade homologada com este título, o município de Veranópolis no Rio Grande do Sul, hoje contamos com não mais do que 30 cidades em um hemisfério de 5.565 em todo o território nacional. Ainda está sendo feito muito pouco para que realmente nossa população idosa tenha o mínimo de qualidade de vida.
E neste sentido, a arquitetura urbanística das cidades pode ser uma grande colaboradora para que mais cidades possam ser consideradas Amigas dos Idosos, seja na adequação da mobilidade urbana ou na construção de espaços públicos cada vez mais acessíveis.
Uma boa fonte de pesquisa é a “Cartilha orientativa de desenho urbano para melhoria da caminhabilidade da população idosa”, publicação da USP com a organização da Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Karin Regina de Castro Martins. Uma fonte rica e muito detalhada que possibilitará, através das boas práticas demonstradas neste e-book, um melhor conforto para os idosos das nossas cidades.
Nesta publicação é demonstrado que a qualidade das calçadas interfere drasticamente no conforto e segurança dos caminhantes de forma geral. Nestas situações, uma área de faixa livre é premissa básica de um passeio bem projetado, contendo ainda uma faixa de serviço e uma faixa de acesso ou transição. O estudo aponta ainda, que a área mínima para a faixa livre deve ser de 1,20 metros, mas que o ideal, para que se tenha uma acessibilidade plena, seria de ao menos 2,50 metros. Com esta dimensão é possível que um idoso de bengala, andador, ou até mesmo de cadeira de rodas, percorra a cidade com um acompanhante ao seu lado, sobrando ainda uma área livre de contrafluxo para outros pedestres. Possibilitando, assim, o conforto e segurança para todos os que utilizam este espaço urbano, que por vezes é o mais importante, quando se trata da locomoção de pessoas pelas cidades.
Outro ponto importantíssimo são as interferências que obras em vias públicas podem causar no deslocamento dos pedestres, mas principalmente para os idosos. Neste sentido é recomendado que na ocorrência deste de obras, que a mesma possua sinalização adequada, que oriente os pedestres de qual a via mais segura para a percorrer aquele trecho. Sendo que, uma das alternativas mais seguras é a implantação de rampas que utilizem o leito viário. Estas rampas devem estar protegidas por tapumes e sinalizadas de forma clara, como mostra a imagem abaixo.
Estes são apenas alguns exemplos de como a visão do arquiteto e urbanista pode transformar áreas urbanas em espaços acessíveis e inclusivos a toda população, mas principal aos idosos. Para isso é necessário que esta inclusão não seja algo buscado apenas pelos idosos, mas que seja uma busca da sociedade de forma geral, através de seu poder público, sendo um verdadeiro facilitador na implantação destas e de tantas outras soluções de acessibilidade.
Veja abaixo a lista das Cidades Amigas dos Idosos segundo o projeto da OMS:
Cidades Amigas dos Idosos
- Pelotas (2022)
- Vitorino (2022)
- Salgado Filho (2022)
- Planalto (2022)
- Irati (2022)
- Itabirinha-MG (2022)
- Enéas Marques (2022)
- Colombo (2022)
- Cascavel (2022)
- Capitão Leônidas Marques (2022)
- Capanema (2022)
- Barracão (2022)
- São José Do Rio Preto (2021)
- Bom Sucesso do Sul (2020)
- Chopinzinho (2020)
- Dois Vizinhos (2020)
- Itapejara Do Oeste (2020)
- Nova Esperança do Sudoeste (2020)
- Perola do oeste (2020)
- Porto Alegre (2020)
- Realeza (2020)
- Renascença (2020)
- Santa Tereza do Oeste (2020)
- Santo Antonio do Sudoeste (2020)
- Sulina (2020)
- Balneario Camboriú (2019)
- Esteio (2018)
- Jaguariúna (2018)
- Pato Branco (2018)
- Veranópolis (2016)
Créditos das Imagens:
Imagem destacada por Freepik
Imagens no conteúdo do texto retiradas da Cartilha orientativa de desenho urbano para melhoria da caminhabilidade da população idosa